terça-feira, 6 de janeiro de 2015

E Sarah chorou...

Sarah nasceu no dia 24 de julho de 2014 às 21:50h. Exatamente 19 dias após seu nascimento eu estava de volta às aulas. Mesmo sem muitos acreditarem que eu realmente voltaria, e graças à ajuda da minha mãe (Jurema), do Marco e da Vó Simone (mãe do Marco), consegui atravessar o segundo semestre de 2014.

Naqueles dias, ao contrário do que eu pensava, não foi a coisa mais difícil do mundo deixar a Sarah em casa. Ela ainda era muito pequena e muito frágil (continua sendo), porém não tinha tanta noção de quem eu era, só queria saber do peito. Aquele era o mundo e a razão de viver dela (risos).

Durante o segundo semestre de 2014 foi ficando cada vez mais “complicado” sair para faculdade. Eu acho que ela sabia o horário que eu tinha que sair e quando ele estava próximo, porque justo naquele momento ela queria ficar agarrada comigo e houve algumas vezes que choramingou quando eu saí.

Já no final do ano eu comecei a matar algumas aulas que já tinha sido aprovada, ou ver dois tempos em um tempo só, tudo para chegar logo em casa. Finalmente chegaram as tão clamadas férias e foi um pouco mais de um mês de puro grude. Ela vivia pra mim e eu pra ela. Meio doentio, talvez, quem sabe, eu não achei, ela muito menos, então tudo bem.

Chegou janeiro e Sarah chorou...

Por quê?

Saudades de mim... :(


Eu já sabia que seria assim, de uma forma ou de outra nós iríamos ter menos tempo juntas a partir desse mês. Seria agora ou em março quando voltassem as aulas.

Como disse no primeiro post, este verão estou trabalhando na colônia de férias no Centro de Movimento Deborah Colker, na Glória. Não é minha primeira colônia. Como era aluna de ballet clássico e contemporâneo de lá entre 2011 e 2013 participei de 3 ou 4 colônias antes dessa.

Eu simplesmente adoro esse trabalho! É cansativo demais, mas é ainda mais gratificante! O carinho das crianças, as brincadeiras, os papos de escola, aaaah que delícia!

Esse ano foi difícil sair de casa e deixar minha filha para brincar com o filho de desconhecidos, mas faz parte, estou precisando trabalhar, quero principalmente, então vida que segue.

Estava (e estarei durante o mês inteiro) de corpo e alma, mas meu coração estava (e estará) em casa.

Percebi que minha sintonia com Sarah é ainda maior que imaginava. No momento que pensei em ligar para ela, foi exatamente na hora que ela chorou demais (como minha mãe me disse depois) e por saudade. Não era fome, fralda, sono, era só saudade...

Marco, que tem esse mesma sintonia com ela e também comigo, sentiu o mesmo que eu, que ela tava precisando de um de nós, e saiu de onde estava e foi direto para minha casa. Chegando lá ele a encontra chorando demais, porém quase dormindo e minha mãe ninando-a. Ela o vê e abre um sorriso enorme.

Colo de vó é muito bom, mas pai é pai, mãe é mãe. Nada melhor do que um colo de pai na saudade da mãe. E vice-versa.

Sarah se acalmou, mas ainda não era o suficiente.

Marco teve que ir embora, mas ainda não estava na minha hora de chegar.

Duas horas depois que ele foi embora da minha casa, eu chego, esbaforida, querendo pegá-la logo e dizer que eu não tinha a abandonado. Que conforme eu vinha explicando desde o final de 2014, agora eu sairia de manhã e voltaria a noite. Mas ela estava dormindo quando cheguei.

Em menos de meia hora ela acordou choramingando. Estava no colo da minha mãe enquanto eu saía do banho. Quando eu chego à sala e digo “Sarah...” ela vira a cabeça na hora me procurando. Pego-a no colo, abraço e digo “Eu disse que voltaria” e ela se conforta no meu peito.

Naquele momento eu tenho mais uma vez a certeza de que tê-la foi a melhor coisa que aconteceu. Ela tinha que estar aqui agora.

O mundo faz mais sentido agora.


A minha vontade e determinação de fazer tudo certo é ainda maior.


Agora, depois de brincar comigo; ficar um pouco furiosa porque eu demorei muito a chegar, mas fez as pazes no mesmo momento. Somente agora, ela conseguiu dormir tranquila e sorridente como sempre.


Imagino quando a cena irá se inverter. Eu que a aguardarei ansiosamente voltar da rua com as amigas e só conseguirei dormir quando ela chega.




E somente naquele momento saberei que tudo está no seu devido lugar, assim como ela sabe agora.





Naila Agostinho

2 comentários:

  1. sinceramente??? O melhor texto até aqui! Sério! Como é louco ler de você, minha amiga láaaa da 3ª série, as coisas que vi minha mãe falar pra mim.. Lembro de você na escola, toda espivitada.. hoje tem a consciência e sente o amor de mãe, esse que um tanto das mulheres sonha sentir um dia.. é amigaa.. parece que crescemos.. hahahaha Lindo texto! Me fez pensar. Parabéns por já ser desde cedo essa mãe dedicada e toda derretida. Sarah tem muita sorte!

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    1. amigaaaaa, vc sempre me deixando sem palavras!
      mtttt obrigada de coração!!!!!

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