sábado, 30 de maio de 2015

Cristo Redentor

Eu odeio ir ao mercado, mas fazer o que? Nem sempre fazemos o que mais gostamos.

Mas sei de uma coisa, vou evitar o máximo possível ir ao mercado com Sarah.

Por que?

Bom, em casa ela anda de cristo redentor.

Braços abertos sobre o 4º andar.

Ainda mais se passa perto da estante. Ela TEM QUE tentar pegar algo.

SEMPRE.

Se não for assim, não é ela.

Imagina essa pessoinha no mercado?

Imaginaram?

Agora imagina ela de cristo no mercado e eu atrás?

Imaginaram?

Então, isso nunca vai acontecer.

Ou ela não vai ao mercado comigo. Ou nenhuma de nós irá ao mercado. Ou ela vou 
prender os braços da criança numa camisa (isso é brincadeira hein gente, por favor rs). Ou ela aprenderá a se comportar no mercado.

Ela nem sabe, mas ela já escolheu a última opção.

Porque se for diferente disso a coisa não vai ficar legal.

Então Sarah, amor de mamãe, entenda que Cristo Redentor só tem um, e ele fica parado, lá no cantinho dele. 

Vamos abaixar esses braços porque essa brincadeira já deu, ok?

OK?

Ótimo :)


Naila Agostinho

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Empolgação demais, às vezes atrapalha...mama -> mamãe

Já é bem tarde, Sarah está dormindo no berço e eu estou cheia de sono...

Mas eu não poderia deixar de compartilhar isso com vocês!

Alguns anos atrás eu conheci uma bebê muito linda que é neta de uma amiga da minha mãe. Ela tinha pouco mais de um ano e estava falando algumas palavras. Eu estava doida para ela falar meu nome (mesmo sabendo que se nem gente grande, muitas vezes, consegue falar meu nome corretamente, imagina um bebê, mas ok, eu e minha ilusão) e toda hora ficava falando igual uma retardada "Naaaaila. N-a-i-l-a. Nai-la. Diz Naaailaaaa bebê."

Água mole em pedra dura... tanto repeti que ela disse em alto e em bom som "Naila." Com toda a convicção que ela poderia ter naqueles meses de vida.

Fiquei tão feliz que dei um gritão!

A bebê se assustou e nunca, sim eu disse NUNCA, nunquinha, nunca mais disse meu nome. Nem mesmo agora mais velha. Ela simplesmente não diz mais o meu nome.

Por que toda essa contextualização? Vamos direto ao ponto.

Sarah há alguns meses me chama de "mama". Eu acho lindíssimo e a coisa mais fofa do mundo! Porém sou brasileira, fico igual uma retardada (sim, continuo fazendo essas coisas rs) dizendo "mamãe" para ela. O mínimo que eu espero de volta é um "mamãe" e não um "mama". Não estou pedindo muito, né? rs

Hoje foi um dia mega cansativo, como todos os outros dias da semana. Cheguei morta na casa do Marco para buscar a Sarah, viemos para casa, brincamos (mesmo com a bateria no 2%), conversamos na nossa língua nenenêns, batemos palma para o níver de um ano, e treinamos o dedinho “Sarah, quantos anos você tem?”

Eis que, durante uma tempestade de beijinhos na bochecha mais gostosa do Brasil dessa noite cansativa de quinta-feira, Sarah, finalmente, entende que eu não sou italiana, e diz “mamãe”.

Dessa vez eu fui esperta! Não gritei!

HÁ!

Agora ela poderá falar mamãe quantas vezes desejar. Dessa vez não houve trauma devido minha empolgação.

Fiquei quase um minuto de boca aberta e depois repetindo “Você ouviu isso? Ela disse “mamãe”!!!!”

Depois de mais uma chuva de beijinhos Sarah foi dormir.

E eu, depois de compartilhar minha alegria com vocês, também vou.

Afinal, amanhã ainda é sexta...

Obrigada Sarah por transformar essa quinta-feira, dia 28 de maio de 2015, que poderia ser somente mais uma quinta comum, no dia que eu senti mais uma vez aquele calorzinho no coração por saber que sou sua mãe.

Te amo mais que tudo!

domingo, 24 de maio de 2015

Contagem regressiva

Pequeno relato de uma mãe ansiosa...

Hoje Sarah faz 10 meses!

Sim! Passa muito rápido!

Já estou sentindo minhas rugas chegarem, os cabelos brancos crescerem e a perca de audição (isso já vem acontecendo há um tempinho...rs)

E como uma pessoa ansiosa que sou, já estou uma pilha de nervos para o aniversário dela!!!

Porque fico pensando nas milhões de coisas que gostaria de já estar fazendo, sinto o tempo passar, vejo minha agenda e sei que não tempo nem para respirar.

E sei que quando chegar final de junho estarei correndo entre Saara, Aidan e várias lojinhas atrás de tudo que queremos para festa.

Fazer mil testes de bolo em casa. (Resolvi que vou fazer o tradicional negão com dois andares)

Passar algumas noites em claro fazendo lembrancinhas. Ver roupa para Sarah.

Tema! E o tema?

Tenho que resolver isso também.

Ainda bem que o time para fazer esta festa acontecer é giga. E estamos todos bem empenhados.

É tanta coisa para fazer, que eu até esqueci o realmente queria dizer..


Mas deixa, não tenho muito tempo agora, tenho que corr.....

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Sarah não chora, mas mamãe sim.

Deixa eu contar uma breve história para vocês, daquelas que começa com um bom...

Era uma vez...

Uma menina que um dia se viu mulher.

No outro dia se viu mãe de uma princesa.

Ela estava na faculdade, e com a ajuda de muitas pessoas continua estudando mesmo com um baby em casa. Seis meses depois do nascimento de sua filha ela começou a trabalhar, além de estudar.

Como se não fosse bastante ela resolve virar colunista colaboradora de um site feminista e fazer um blog sobre a filha dela.

Acontece que essa menina-mulher achava que não daria conta de tudo, mas ela tá dando. 
Mesmo com todas as expectativas negativas a respeito dela, ela continua lá, firme e forte. 

Balança, mas não cai. 

E se cair, ela levanta, porque agora o motivo de tudo que ela faz é muito maior.

Primeiro trabalho na área de estudo, que nervosismo. A menos valia que sempre aparece no coração dessa mulher bateu forte, e ela achou que não se sairia bem. O tempo mostrou o contrário. Olha onde ela tá, viajando para trabalhar num evento de grande porte. UAU. 
Nem ela imaginaria tamanha sorte. O nome dessa mulher (que quer dizer “Aquela que veio para ter sorte”) tem que chegar junto de vez em quando.

E mesmo com toda a euforia do convite veio o medo. “E Sarah?” Ela pensou.

“Não vou viajar. Ela não vai aguentar. Vai chorar e sentir muito a minha falta.”

“Não se preocupe menina, tudo vai dar certo”. Diziam uns. Outros falavam que poderia ser arriscado. Mas depois de muito pensar ela decide que vai.

Muita conversa com sua princesa para que ela entenda “que mamãe volta, não vai fugir e nem te abandonar, ok?”.

OK.

Com ajuda das vovós e do papai, passagem na mão, um frio na barriga e lá vai ela com sua mala (emprestada por sua professora querida) laranja fosforescente aeroporto afora.

Uma pessoa falante do seu lado, música alta nos fones e um coração miúdo no peito.

Chega ao hotel e vai direto para o escritório. De vez em quando sai e liga para sua mãe. 

“Como ela tá?”

“Ótima Naila, vai trabalhar. Não te preocupes, vai dar tudo certo.”.

Volta ao escritório e abre o celular para ver umas fotos... “ahh que saudades já agora”.

Primeira noite desmaia na cama. 4 horas depois já está acordada, volta ao evento. 

Trabalho duro e cansativo, mas experiência única.

“Oi. Tudo bem? Como ela passou a noite? Me chamou muito?”

“Deu uma choramingada, mas não te chamou não.”

“Não?!”

“Não.”

“Ok. Obrigada. Manda beijo pra ela. Tchau.”

Essa menina que agora está com os olhos cheios de lágrimas vê que sua pequena é mais forte que ela. Não precisava se desesperar, vai dar tudo certo. Na verdade, já deu.

Mais um dia longo. Mais ligações e muitas fotos de Sarah feliz e sorridente.

Sarah no parque com um bebê que virou amiga. Sarah passeando com o pai. Sarah dormindo, comendo, tomando banho. Em nenhum momento ela deixou de saber como a Sarah estava.  

Essa mamãe sofreu mais que seu bebê.

Mais três noites se passaram.

Segunda-feira, 6 horas da manhã. Após pegar o avião, contar cada segundo para ver a nenê mais amada do mundo, enfim chega o momento.

Ela tenta subir as escadas da portaria correndo, mas não dá. A mala parece que voltou mais pesada (e de fato voltou). O elevador para variar não está no térreo.

Ele chega e ela entra até o quinto andar. Sente o mesmo frio na barriga que tinha sentido 5 dias atrás. Agora o motivo é outro, e vou confessar, esse era muito melhor.

Não encontra a chave. Toca a campainha.

Sarah olha para ela. Ela olha para Sarah.

Sarah ri e chora.

Ela? Ela só agarra e beija muito as bochechas, barriga, coxas, braços, tudo de Sarah.

A saudade é algo que não passa com o tempo, só aumenta.

5 dias longe de Sarah para essa jovem mãe foram uma eternidade.

Mas agora a eternidade é outra.

É hora do denguinho de mãe e filha.

Porque mamãe chegou amor, pode ficar tranquila. Mas ela já estava. Afinal a mamãe disse 
que ia voltar logo, logo e ela entendeu isso.


Na verdade, agora quem pode ficar tranquila é a mamãe. Manteiga derretida do jeito que é....




Naila Agostinho