quinta-feira, 7 de maio de 2015

Sarah não chora, mas mamãe sim.

Deixa eu contar uma breve história para vocês, daquelas que começa com um bom...

Era uma vez...

Uma menina que um dia se viu mulher.

No outro dia se viu mãe de uma princesa.

Ela estava na faculdade, e com a ajuda de muitas pessoas continua estudando mesmo com um baby em casa. Seis meses depois do nascimento de sua filha ela começou a trabalhar, além de estudar.

Como se não fosse bastante ela resolve virar colunista colaboradora de um site feminista e fazer um blog sobre a filha dela.

Acontece que essa menina-mulher achava que não daria conta de tudo, mas ela tá dando. 
Mesmo com todas as expectativas negativas a respeito dela, ela continua lá, firme e forte. 

Balança, mas não cai. 

E se cair, ela levanta, porque agora o motivo de tudo que ela faz é muito maior.

Primeiro trabalho na área de estudo, que nervosismo. A menos valia que sempre aparece no coração dessa mulher bateu forte, e ela achou que não se sairia bem. O tempo mostrou o contrário. Olha onde ela tá, viajando para trabalhar num evento de grande porte. UAU. 
Nem ela imaginaria tamanha sorte. O nome dessa mulher (que quer dizer “Aquela que veio para ter sorte”) tem que chegar junto de vez em quando.

E mesmo com toda a euforia do convite veio o medo. “E Sarah?” Ela pensou.

“Não vou viajar. Ela não vai aguentar. Vai chorar e sentir muito a minha falta.”

“Não se preocupe menina, tudo vai dar certo”. Diziam uns. Outros falavam que poderia ser arriscado. Mas depois de muito pensar ela decide que vai.

Muita conversa com sua princesa para que ela entenda “que mamãe volta, não vai fugir e nem te abandonar, ok?”.

OK.

Com ajuda das vovós e do papai, passagem na mão, um frio na barriga e lá vai ela com sua mala (emprestada por sua professora querida) laranja fosforescente aeroporto afora.

Uma pessoa falante do seu lado, música alta nos fones e um coração miúdo no peito.

Chega ao hotel e vai direto para o escritório. De vez em quando sai e liga para sua mãe. 

“Como ela tá?”

“Ótima Naila, vai trabalhar. Não te preocupes, vai dar tudo certo.”.

Volta ao escritório e abre o celular para ver umas fotos... “ahh que saudades já agora”.

Primeira noite desmaia na cama. 4 horas depois já está acordada, volta ao evento. 

Trabalho duro e cansativo, mas experiência única.

“Oi. Tudo bem? Como ela passou a noite? Me chamou muito?”

“Deu uma choramingada, mas não te chamou não.”

“Não?!”

“Não.”

“Ok. Obrigada. Manda beijo pra ela. Tchau.”

Essa menina que agora está com os olhos cheios de lágrimas vê que sua pequena é mais forte que ela. Não precisava se desesperar, vai dar tudo certo. Na verdade, já deu.

Mais um dia longo. Mais ligações e muitas fotos de Sarah feliz e sorridente.

Sarah no parque com um bebê que virou amiga. Sarah passeando com o pai. Sarah dormindo, comendo, tomando banho. Em nenhum momento ela deixou de saber como a Sarah estava.  

Essa mamãe sofreu mais que seu bebê.

Mais três noites se passaram.

Segunda-feira, 6 horas da manhã. Após pegar o avião, contar cada segundo para ver a nenê mais amada do mundo, enfim chega o momento.

Ela tenta subir as escadas da portaria correndo, mas não dá. A mala parece que voltou mais pesada (e de fato voltou). O elevador para variar não está no térreo.

Ele chega e ela entra até o quinto andar. Sente o mesmo frio na barriga que tinha sentido 5 dias atrás. Agora o motivo é outro, e vou confessar, esse era muito melhor.

Não encontra a chave. Toca a campainha.

Sarah olha para ela. Ela olha para Sarah.

Sarah ri e chora.

Ela? Ela só agarra e beija muito as bochechas, barriga, coxas, braços, tudo de Sarah.

A saudade é algo que não passa com o tempo, só aumenta.

5 dias longe de Sarah para essa jovem mãe foram uma eternidade.

Mas agora a eternidade é outra.

É hora do denguinho de mãe e filha.

Porque mamãe chegou amor, pode ficar tranquila. Mas ela já estava. Afinal a mamãe disse 
que ia voltar logo, logo e ela entendeu isso.


Na verdade, agora quem pode ficar tranquila é a mamãe. Manteiga derretida do jeito que é....




Naila Agostinho

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