terça-feira, 3 de novembro de 2015

Feriado com Sarah Relações Públicas

Diz a lenda que eu fui uma criança extremamente sociável. Tipo aquelas pessoas que sentam do seu lado no transporte público e em meia hora são melhores amigos da vida porque já rolaram tantas perguntas de ambos os lados que você já sabe até o nome do gatinho de uma conhecida do 1º ano colegial da sua nova amiga da vida.

Aí, a lenda continua contando que conforme fui crescendo eu não era tão sociável assim, mas continuava uma criança simpática :)

Não sei o que aconteceu, mas cansei dessa vida de amiga de todos os passageiros do ônibus (na verdade, sei sim, ganhei um mp3 e andava de fones de ouvido o dia todo). Não virei antipática, mas, simplesmente, falava somente o necessário e sempre dei sorrisos de graça :D

Sarah está indo pelo mesmo caminho. Na verdade, ela está realmente levando a sério essa coisa de falar com todos.

No ônibus ela é a criança que entra dando “oi” para todos, depois que sentamos ela se contorce toda para dar “oi” para os passageiros do banco atrás do nosso, e não satisfeita dá tchau para os passageiros do ônibus ao lado do nosso, fazendo todo o ônibus parar para dar tchau para a criança mais simpática do Rio de Janeiro (o estado, não a cidade).

No metrô ela já entra no vagão com as mãos a postos. Se não tem ninguém prestando atenção nela porque está focado no celular ou (raramente) no livro ela dá gritinhos para alguém fazer o favor de olhar logo para ela. “Ora bolas, quem eles pensam que são que não me viram entrar para darmos uma socializada?” Tenho quase certeza que é isso que ela pensa... rs

E, nesse feriado, não poderia ser diferente. Duas situações que reforçam a tese da simpatia das crianças da família :D

1 – Sarah e eu fomos ao Parque da Chacrinha que tem atrás do metro Cardeal Arcoverde. Chegando lá me dei conta que essa foi a primeira vez que a levei lá depois dela começar a andar sozinha. Então foi só festa. Poder correr no parquinho, sentar na terra que mil gatos e bichos passaram (tentei não surtar muito e só pensar no banho de esfregão que daria nela quando chegássemos em casa), socializar com outras crianças e tentar comer pedras e areia.

E aí que me dou conta da extrema curiosidade que essa pequenina tem. Nos dez primeiros minutos nesse novo ambiente Sarah já tinha olhado para os quatros cantos que a cercavam, dado tchau para todos os adultos presentes naquela área que nos encontrávamos (o Parque é cheio de ambientes direcionados para cada idade de criança, no caso, Sarah deu tchau para os adultos da área do Parque que estacionamos).

Depois de reconhecer território começou a fase de socializar com crianças. Tinha uma menina da idade dela sentada na terra (e eu de novo pensei nos mil bichos que passaram pela areia que ela estava sentada – neurótica) que quando nos viu abriu um sorriso desdentado super fofo. Nos aproximamos e cumprimentamos os pais dela e deixei Sarah tomar as rédeas da socialização dela. Deixei o baldinho com os brinquedos no meio delas e fiquei de longe olhando (mas, na maior parte do tempo estava próxima com medo da Sarah pisar na menina).

A menina, que também tem 1 ano e 3 meses, ainda não anda sozinha, precisa de um apoio para não cair. Flor estava nessa mesma situação uns 2 meses atrás e eu estava freaking out (compartilhei isso com vocês). E com a maior cara lavada, quando os pais me dizem que ela ainda não anda porque está preguiçosa eu digo “Ah, não se preocupem, cada criança tem seu tempo.” Quem não me conhece que me compre, pensei na hora rs.

Sarah dividiu seus brinquedos com a amiguinha de parque e a prima dela, e todas foram felizes. Até que uma delas cismou que tinha que brincar com o ancinho amarelo da Sarah. Só pensei “É.... agora danou de vez. A criança que todas acharam fina e calminha até esse momento vai virar um monstrinho. Peguem qualquer coisa da Sarah, menos o ancinho amarelo.”

A menina não só cismou com o brinquedo como tomou da mão da Sarah. Sarah me olhou e deu uma reclamada. Os pais da menina tentaram tirar o ancinho dela, mas a bichinha era forte e resistiu. Sarah reclamou de novo. Os pais arrancam da mão dela. A amiguinha chorou. Berrou. Esperneou. Sarah pegou o brinquedo e ficou encarando a menina chorar com Chloé face.



Chegaram umas meninas mais velhas e Sarah mudou de crew porque ela curte pessoas mais maduras.

Brincaram bastante e tudo foi lindo até eu pronunciar aquelas terríveis palavras que todas crianças temem (até mesmo quando nunca as escutaram antes) que é “Vamos para casa.”
Oxê, pra que fui falar isso. Tive que correr atrás da Sarah duas vezes e ouvir seu chorinho no meu ouvido até sairmos do parque.

OK. Chegamos em casa, banho, almoço, soneca. Acorda, brinca, lanche, praia.

2 – Pegamos final de praia e como era domingo o calçadão estava fechado e poderíamos colocar as canelinhas da Flor pra malhar rs

E aí começa de novo o problema de ser relações publicas. A menina queria seguir todo mundo e falar com cada pessoa. Cismou com uma moça sentada na calçada. Não só cismou como saiu correndo e se jogou (de verdade, ela se jogou) em cima da moça que achou fofo (que bom né). E depois para tirá-la de perto da moça foi quase um parto.

Poucos passos a frente faz amizade com uma menina num carrinho de criança (aqueles que alugam aos domingos, sabe?) e o cachorrinho dela, a Juju.

Sarah amou Juju. Fez mil e um carinhos na cabeça, costelas, rabo, na cachorra toda.

Amou tanto que quando elas foram embora Sarah correu atrás delas chorando. O que me restou correr atrás dela e ficar de papo com a avó da menina e dona da Juju. Andamos até um quiosque com música ao vivo e lá foi festa doida. Fez amizade com uns caras que estavam bebendo cerveja, com as senhorinhas dançando, com o garçom....só não fez com o cantor porque ele estava muito ocupado.

Conclusão: Não conseguimos andar nem três quarteirões porque a vontade de socializar com cada pessoa era maior que qualquer coisa.


Não sei se vai ser assim a vida toda, só sei que tenho fé em conseguir andar pelo menos 5 quarteirões no próximo domingo.


Naila Agostinho